quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Mosaico de Você



Remexi nosso velho álbum
E achei que não sentia nada
Porém me forçou a reconhecer
O quanto devo assoprar pra longe
nossas poeiras, velhas imagens,
dando lugar ao meu mais novo lugar.

É você que tem tocado à minha porta,
forçando-me a levantar,
dar passos firmes,
reconhecer meus sonhos,
caminhar para um ponto comum,
não sei se de felicidade ou de certeza,
mas, verdadeiramente, de maturidade.

Você é a esperança do que não provei,
fazendo-me cogitar a ideia de te degustar,
contudo, consciente sou, de que,
em ti, minha felicidade não está,
e por isso não te escolhi,
mesmo sendo você tão desejável.

Você é o certo trocado pelo duvidoso,
o carinho e a afeição rejeitados,
uma questão para se inquietar o espírito,
um toque afrodisíaco, a dor da escolha errada,
o pensamento no outro caminho, o "será que".

Você é a pessoa imaginária,
um sonho infantil,
uma gangorra ou balanço,
fez-me de João Bobo e agora trás, de novo,
a pulga circense atrás do ouvido.
Onde estava quando eu te quis?
Por que me aparece quando não te quero?

Você é meu inferno, a quem posso culpar,
alguém pra apedrejar, quando escolher fugir;
a pedra no caminho, a dor de cotovelo,
a razão pro coração entender porque grita tanto.
Sei que não é você.
Porém é mais simples jogar pra você meus podres,
que carregá-los comigo.

Você é o meu céu, minha esperança,
o porque de eu ter essas escolhas,
por você quis ficar em pé,
resolvi ser bom,
e também me encaminhas a morrer,
no meu gritar; a lutar, ao fugir;
a permanecer, quando estou a ponto de desistir.
Você é o porque de eu viver.

Foi você, por você, só você.