quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Asas de Anjo ou Andorinha


As andorinhas vêm e vão
Meu Sol se foi, não há verão
Meu coração reclama você
A boca clama seu ser

Chego pelos ares e te encontro
Aconchego dos mares, me espanto
Por mais belo e seguro que esteja
Minha perna balança, a ti deseja

Largo tudo, rompo o mundo e me lanço
Esqueço tudo, em teus lábios não me canso
Por um instante penso, e agora?
Depois concluo: essa é minha alforra

Não entendo o amanhã
Só vejo a perca do ontem
Fico sem chão sem minha irmã
Perco as asas sem meu anjo

Ainda hoje preciso de uma decisão
Voar e me entregar sem prescrição
Ou ficar seguro longe dos céus das estrelas
Ficar sem ti, não quero, não te esqueças.

Quero cantar,
dançar,
brindar,
e me lançar.

Ainda tenho um porto seguro?
Será que Sheakespeare ainda está apaixonado
Ou tornei-me um Brás Cubas de luto?

sábado, 30 de maio de 2009

A CABANA

LEVA-ME, PAPAI, À SUA MESA DO BANQUETE
PARA COMER VERDURA, ROMPER CONCEITOS, TER COMUNHÃO.
NA INTIMIDADE, CAEM JULGAMENTOS, ACHO PERDÃO.
LEVA-ME, PAPAI, AO TEU JARDIM
ARRANCA AS RAÍZES DE DOR E AMARGURA
LEVA-ME AO PROFUNDO EM MIM
PRODUZA MUITAS FLORES DE CURA
LEVA-ME CONTIGO AO CAIS
PARA APRENDER A SER DEPENDENTE
SER MUITO AMIGO OU MUITO MAIS
VIVER FAMÍLIA, DE REPENTE
LEVA-ME, PAPAI, PARA A ESCURIDÃO
ONDE POSSA A SABEDORIA ACHAR
ANTES QUE VENHA UM LADRÃO
MEU FUTURO ME ROUBAR
LEVA-ME PARA VER AS CORES
ENCONTRAR O PASSADO COM CALMA
ASSIM POSSO ENTENDER AS DORES
ENXUGAR AS LÁGRIMAS E LAVAR A ALMA.
LEVA-ME, PAPAI, À SUA CARPINTARIA
ENSINA-ME O CAMINHO DA SEPULTURA
ENTALHA ALI UMA VIDA, UMA HISTÓRIA
JÁ QUE ENTERRANDO VEJO CURA
LEVA-ME SEMPRE, PAPAI, PARA O MAIS PERTO DE TI
POR MAIS QUE A CABANA SEJA SOMBRIA
NÃO HÁ LUGAR MAIS SEGURO QUE AQUI
ONDE TUA GLÓRIA SE MANIFESTA E BRILHA

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O novo é hoje.







Hoje começa um novo tempo, pelo menos isso é o que a humanidade deseja. Nova era de novo momento.
Depois de tanto caminhar, notei que as folhas secas não embelezam o caminho e ser menino mau é desejo de ser diferente, isso não combina mais comigo, nem me deixa mais contente.
Não quero esquecer as ruas de outono, mas também nelas não quero pensar.

Hoje começa um novo tempo, pelo menos isso é o que eu desejo. Nova vida, com novos anseios.
Depois de tanto caminhar, notei que dizer não nem sempre é fácil, e mesmo gaguejando vale a pena dar valor a gente.
Não quero esquecer as lutas que enfrentei e mais delas não quero ter.

Hoje começa um novo tempo, pelo menos isso é o que alguém deseja. Novas vitórias de novos adversários.
Depois de tanto caminhar, notei que a melhor vitória é a que vem depois muitas derrotas.
Não olho mais para o que poderia viver, mas com o alvo no invisível quero prosseguir.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Postes-idolos



As portas dos meus olhos se escancararam
Notei meus desejos se demasiaram
Pude enxergar insatisfação como carência
Já não tem decantação em minha demência

Os elementos continuaram em mistura
O grito da minha alma ninguém segura
Os meus vícios tem por nome postes-ídolos
E derruba-los tem sido perfeito martírio

Ando ciente de que o pecado anda ai ao lado
A espreita do cavalo alado, vem o que anda calado
Esperando, como sempre, pelo passo errado
Para cruelmente fazer cair desimado

Essa guerra já teve muitas baixas
Coisa que se não esconde nas caixas
Muitas almas feridas pelas escolhas
Daquele que mordidas deu em nuas coxas

Esse e o veredicto
Abrir mão de todo o dito
Deixar-se ir o que ainda ia
Abandonar o olhar de nostalgia

Caminhar em passos do presente
Valorizando o bocado consciente
Novidade de vida é livremente
Ver e viver sem peso na mente

Mirar o horizonte



Insatisfação e mais que querer mais; é querer ter o que não se pode ter; é não querer o que se tem; é um vago saber que, no fundo, tudo podia ser diferente.

Sonhar com o que
não se comprou, beijar aquilo que nunca se olhou, viver num estado bucólico do que não sou, ler com quem nunca divagou.

Olhar ao redor fechando os olhos, tocar a vida isentando-se de vestígios, passar a ponte calando o ego, marchar uma passeata calando os medos.

Não
é hipocrisia o viver se calando, nem inverdade quando está mancando, o correto é escolher o sábio, ainda que seja para perder meu sábado.

Pagode da Coaxada




A princesa foi embora para lá
Quando me vier
Uma que beija boca de sapo
Eu to lá

Eu recordo muitas, ou nenhuma,
Ou nunca mais, pra poder cantar
Enquanto isso eu canto, me iludo,
Eu dou riso, até o raiar.

Eu que príncipe sou
Já fui sapo também
Quero ver o teu sol
Vir brilhar em Belém

Agora canta com teu canto
E meu canto te encanta
Pois a boca do meu canto
Não tem botado banca
E agora tua boca pega
O meu canto em desencanto
E eu fico meio manca
Até tua boca em si cantar

O meu ia ia ia
O meu io io io

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Tira a Cauda da Cruzada


Quanto mais parte, mais vem
Quanto mais luta, menos se vai

Na maior parte, há os que vêm

Na maior das relutas, você vai

Semáforos fechados

Em uma escolha de cruzadas
Olhos amados
Numa fornalha das usadas


A vida apresenta meus nós
Sem acertar um ré em dó

Hoje lhes deixo a sós

Fica o medo de eu ser o Jó


Sem medo me encanto

A fada me marca a lauda

Nas brechas deixo meu canto

Por você, tiro minha cauda.